O FEST chega à sua 21ª edição de olhos postos no futuro. De 21 a 29 de junho Espinho vai respirar cinema e embarcar na aventura cinematográfica de novos realizadores, que de todas as partes do mundo vêm à cidade para se conhecer e para se formarem nas mais diversas áreas da indústria.
Destaque desde logo para a cerimónia de abertura, este ano a acontecer no domingo (dia 22, a partir das 16h) com o cocktail de boas-vindas, a cerimónia de abertura e por fim o último filme do realizador palestiniano Scandar Copti, Happy Holidays, que irá estar presente também para uma masterclasse e workshop. Premiado em Veneza na categoria de melhor argumento e com mais seis prémios em outros festivais, a segunda longa do palestiniano ocupa-se de um olhar humanista sobre a vida de uma família árabe residente em Israel, expondo tensões entre géneros, gerações e culturas.
De acordo com o nosso tema e com filmes cada vez mais políticos a acompanhar os tempos que vivemos, destacam as longas-metragens em competição (Lince de Ouro) filmes como a primeira longa-metragem de Joel Alfonso Vargas, Mad Bills To Pay (Or Destiny, dile que no soy malo), um cocktail de humor e drama social contagiante, assente no dia-a-dia de uma família Dominicana residente em Nova Iorque. Bernhard Wenger regressa ao FEST e apresenta em Espinho Peacock, uma longa pautada pelo estilo inconfundível com que funde comédia, a sátira e a crítica social. Um filme corrosivo e sarcástico sobre a essência das relações humanas e as máscaras que criamos para nós próprios. Vencedor do prémio de melhor realização na Giornate Degli Autori no Festival de Veneza, a co-produção luso-brasileira Manas marca a entrada em cena de Marianna Brennand. Dona de uma particular sensibilidade, a realizadora aborda questões de abuso e exploração feminina de forma incisiva e corajosa, através da história de uma jovem rapariga perdida numa comunidade amazónica dominada pela violência de género. Da India, Cactus Pears, a primeira longa metragem de Rohan Kanawade, um drama romântico LGBTQIA+ sobre amor proibido, que é mais uma prova da vitalidade do cinema do país — recordemos o vencedor do Lince de Ouro do FEST 2024: Adamant Girl, de PS Vinothraj. O cinema enquanto espaço político marca também o foco que o festival fará sobre o cinema da Geórgia na secção Be Kind Rewind.
No plano da produção nacional, C’est pas la vie en rose, de Leonor Bettencourt Loureiro encerrará o FEST 2025. Num regresso ao festival, a autora apresenta-nos a um filme que olha a Lisboa contemporânea, a sua gentrificação e a complexidade das relações humanas que a mesma encarcera, através da história de uma dupla de cantores estrangeira de sucesso que decide mudar-se para lá. O Grande Prémio Nacional regressa com 4 programas de curtas-metragens, compostos por 23 obras de novos autores. A crise da habitação domina o ecrã, com vários trabalhos ligados ao tema.
No painel de indústria nomes como o realizador filipino Brillante Mendoza, o produtor iraniano de cinema independente Kaveh Farnam, amplamente reconhecido pelo seu compromisso cultural e projetos com forte consciência social. Os grandes destaques de indústria deste ano também passam pelo impacto da Inteligência Artificial no Cinema, questões como Coordenação de Intimidade e os grandes desafios para o cinema e audiovisual.